As 70 semanas

A profecia das 70 semanas Um anúncio sobre a vinda do Messias A profecia das 70 semanas é um dos temas mais polêmicos e debatidos entre os estudiosos devido a sua grande dificuldade de interpretação. O capítulo 9 do livro do profeta Daniel nos mostra que o profeta havia descoberto, estudando as profecias do profeta Jeremias (Jr 29:10-14), que o tempo de cativeiro do povo judeu na Babilônia duraria 70 anos. Ao fazer tal descoberta, Daniel percebeu que o momento em que estava vivendo já era a véspera do tão aguardado fim do exílio. Daniel percebeu ainda, que o fim do exílio também estava diretamente relacionado ao arrependimento de seu povo durante o período em que ficaram cativos. Entretanto, ao analisar a situação de seu povo na Babilônia, Daniel concluiu que o povo ainda estava impenitente. Então, Daniel se preocupou, pois ele entendia a relação pactual do Senhor com seu povo, ou seja, onde bênçãos eram vistas na obediência, e maldições na desobediência. Foi neste cenário que Daniel orou ao Senhor. A oração de Daniel consistiu primeiramente em adoração a Deus por sua fidelidade e soberania, depois ele confessou o seu pecado e o pecado de seu povo, também reconheceu a justiça de Deus em seu julgamento do pecado, e, finalmente, ele fez uma grande suplica para que o Senhor, pela sua misericórdia, restaurasse a cidade de Jerusalém tirando seu povo do exílio. A Bíblia diz que enquanto ele ainda orava, o anjo Gabriel veio ao seu encontro com uma grande mensagem da parte do Senhor (Dn 9:21), onde lhe foi revelado os propósitos de Deus acerca do futuro, e que seriam cumpridos durante 70 semanas. O próprio Gabriel, na descrição da visão, organizou as setenta semanas em três subdivisões: primeiramente 7 semanas, depois mais 62 semanas e, por último, mais 1 semana. Gabriel também fez referência a pelo menos dois personagens principais: o primeiro aparece no versículo 25, e é o Ungido, também denominado como “Príncipe” no mesmo versículo 25. Já o segundo aparece no versículo 26, e trata-se de um príncipe que lidera um povo que destruiria a cidade e o santuário. A identificação destes dois personagens da profecia varia nas mais diversas interpretações sobre essa profecia. Basicamente, a profecia fala primeiramente acerca da restauração de Jerusalém, e depois de uma nova destruição haveria de acontecer. Também são apresentados seis itens que deveriam ser cumpridos durante o período das 70 semanas, sendo eles: cessar a transgressão, por fim ao pecado, expiar a iniquidade, trazer a justiça eterna, selar a visão e a profecia e ungir o Santíssimo (Dn 9:24). A forma e o período em que esses itens são cumpridos também variam de acordo com cada corrente escatológica. Muitos também se perguntam o porquê de serem 70 semanas. A expressão “setenta semanas” traduz o original “setenta setes“. Muitos estudiosos acreditam que trata-se de uma referência direta aos 70 anos de exílio que o povo foi submetido, sendo então, estes 70 anos, multiplicados sete vezes, de acordo com o padrão de tratamento pactual (cf. Lv 26:14,21,24,28). Seja como for, todos os intérpretes consideram que as 70 semanas devem ser entendidas não como semanas de dias, mas como semanas de anos, assim como está em Levítico 25:8. Desta forma, a profecia das 70 semanas se refere a um período de 490 anos (70×7). Assim, a divisão das semanas estabelecida na própria profecia seria a seguinte: 49 anos (7 semanas), 434 anos (62 semanas) e 7 anos (1 semana). As diferentes interpretações sobre as 70 semanas de Daniel A profecia das setenta semanas de Daniel sempre foi muito debatida. Antes mesmo das discussões entre as diferentes correntes escatológicas, tal profecia já era alvo de debate entre intérpretes judeus, depois latinos e gregos. São tantas interpretações diferentes que seria algo quase impossível considerar todas elas num único texto. Portanto, colocarei ênfase apenas nas principais interpretações dentro do cristianismo, que, de alguma forma, são defendidas pelas diferentes posições acerca da escatologia bíblica. Não há tanta discussão entre os cristãos a respeito das primeiras 69 semanas, apenas alguns debates acerca de datas e eventos históricos. As discussões se concentram realmente no significado da septuagésima semana. Sobre isto, existem três interpretações principais: Interpretação literal e futurista: interpreta as semanas de forma literal, ou seja, representando um período preciso de tempo, a saber, 490 anos exatos. Devido à interpretação estritamente literal, essa linha de interpretação entende que 483 anos já se cumpriram, o que corresponde a 69 semanas (7+62) e a última semana, no caso a septuagésima, foi adiada e transferida para os últimos dias da presente dispensação. Assim, existe um hiato entre a sexagésima nona e a septuagésima semana, uma lacuna de tempo, um período indeterminado que é a era da Igreja. Finalmente, a septuagésima semana começa quando a Igreja for arrebatada e o Anticristo revelado, e corresponde aos sete anos de grande tribulação. Esta é a principal interpretação entre os pré-milenistas dispensacionalistas. Interpretação preterista: essa interpretação entende que as 70 semanas já se cumpriram, e a septuagésima semana corresponde ao período desde a morte de Cristo na cruz até a destruição de Jerusalém em 70 d.C. pelo exército romano. Alguns preteristas entendem que a destruição de Jerusalém não ocorre necessariamente dentro das 70 semanas, mas em algum momento depois dela. Muitos pós-milenistas defendem esta interpretação. Interpretação simbólica: essa interpretação defende que as 70 semanas devem ser entendidas de forma simbólica. Apesar de ser simbólica, essa interpretação se mistura com historicidade, ou seja, as 70 semanas se cumprem historicamente, porém não existe a necessidade das datas serem exatas. Assim, a septuagésima semana é simbólica, e se refere à época da Igreja, ou seja, ao período que compreende desde a primeira vinda de Cristo até sua segunda vinda. Essa é a principal interpretação entre os amilenistas. Apesar de todas as dificuldades interpretativas que o texto de Daniel 9 oferece, a mensagem principal expressa na profecia das 70 semanas aponta para o glorioso cumprimento da obra redentora do Messias.

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