OS 4 PILARES DA FÉ
Toda a casa para se manter de pé e resistir às intempéries, precisa de um fundamento firme e de alicerces suficientemente sólidos para sustentar toda a estrutura.
A nossa vida é, em termos espirituais, e por comparação (Mt.7:24-27), a expressa imagem dessa casa, tendo a fé papel decisivo em todo o processo de construção.
Ora, de acordo com a apresentação que o apóstolo Paulo faz, “ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo” (1Co.3:11).
Portanto, se Cristo é a base, o principal fundamento, a obra começa bem, mas, e segundo a mesma apresentação, o problema reside no tipo de estrutura que se levanta sobre ele.
Abrimos aqui um parêntesis para lembrar a importância da instrução, do ensino da sã doutrina na vida de todo o crente.
O apóstolo Paulo se tornou, por desígnio divino, obviamente, o maior responsável pelo doutrinamento da igreja de Cristo.
Dois terços das Escrituras do Novo Testamento são da sua autoria.
Poderá parecer estranho essa tarefa não ter sido dada a Pedro, ou a João, os mais proeminentes apóstolos do Senhor, mas, até fará sentido, se considerarmos que, como Paulo disse, a Pedro foi confiado o evangelho da circuncisão, e a ele o da incircuncisão (Gl.2:7,8), então, como a quase totalidade da igreja foi e continua a ser gentílica, e para que o corte com o judaísmo fosse o mais radical possível, seria natural essa incumbência vir a recair sobre o apóstolo dos gentios.
O testemunho de Paulo é, em todos os sentidos, admirável!
Primeiro, pelo modo extraordinário em que se operou a sua conversão, depois, por o “seu” evangelho lhe ter sido dado por revelação divina, e não pela boca de outro homem! (Gl.1:11,12).
O que só prova a clara intenção da parte de Deus em o separar dos demais, para o pôr no novo e vivo caminho que lhe estava proposto, a ele, e a nós, confirmando o que Jesus já antes havia dito, em sentido figurado: pano novo deve utilizar-se na confeção de um vestido novo, e não para remendar vestidos velhos; vinho novo deve colocar-se em odres novos, para que ambos se conservem, senão, rompem-se os odres e entorna-se o vinho! (Lc.5:36-39).
Posto isto, podemos afirmar, sem dúvida, que os pilares da doutrina da igreja assentam na revelação e na sabedoria que a Paulo foi dada, ou seja, têm por base o evangelho de Paulo (1Co.2:4,5; Rm.2:6), do qual o próprio apóstolo Pedro dá testemunho (2Pd.3:16).
Como não pretendemos construir uma mansão ou um palácio, mas uma simples e modesta moradia que nos sirva de abrigo seguro, o que apresentamos a seguir constitui, mediante a fé, os pilares de sustentação desta casa.
PILAR Nº 1 – “Portanto, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram, tudo se fez novo” (2Co.5:17).
Tudo tem um ponto de partida, um começo.
Todos nós, seres humanos, fomos apresentados oficialmente a este mundo, no dia em que nascemos. Este princípio tem aplicação tanto na dimensão natural como na espiritual, pois, também nós, crentes, fomos apresentados oficialmente no reino de Deus, no dia em que renascemos!
E isto nada tem a ver com os sentidos, mas com a fé.
Quem se lembra do que sentiu, aquando do seu nascimento físico?
É certo que para muitos a dificuldade está em fazer corresponder a verdade bíblica à realidade vivida, pois ficam à espera de sentir e ver a verdade tornar-se realidade, de forma automática, em vez de crerem na verdade, aplicando-a às suas vidas pela fé, até terem o testemunho da verdade dentro, no homem interior, pela experiência vivida!
“As coisas velhas já passaram, tudo se fez novo”.
Antes estávamos mortos, agora fomos vivificados; antes estávamos debaixo de condenação, agora fomos justificados; antes estávamos perdidos, agora fomos achados; antes estávamos nus, agora fomos vestidos; antes estávamos longe, agora chegámos perto; antes estávamos na carne, agora estamos em Cristo; antes éramos trevas, agora somos luz no Senhor.
Temos uma nova aliança, uma nova vida, um novo espírito, uma nova esperança, um novo caminho, um novo propósito, um novo rumo em direção à herança eterna que nos foi prometida em Cristo Jesus.
Isto significa algo? Isto muda alguma coisa?
Tudo.
É a constatação de um facto que eu ainda não vejo com os meus olhos, mas que assumo pela fé (“Andamos por fé, e não por vista”, 2Co.5:7), conformando-me com ele, até que o experimente na minha vida.
Mas, dirá alguém: Ah, apesar do tempo decorrido, muitas coisas velhas ainda persistem na minha vida!
Pois, e o que tens feito para te livrares delas?
Fazem parte do passado? São velhas? Não prestam?
Deita-as fora.
“Lançai fora o fermento velho, para que sejais uma nova massa” (1Co.5:7).
“Mas vós não aprendestes assim a Cristo, se é que o ouvistes, e nele fostes ensinados, conforme é a verdade em Jesus, que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano; e vos renoveis no espírito do vosso entendimento; e vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade” (Ef.4:20-24).
Saliente-se, portanto, que, se alguém quer experimentar esta nova realidade em Cristo, deve, antes de mais, crer e conformar-se com a verdade revelada no Evangelho, aplicando-a ao seu coração e à sua vida.
PILAR Nº 2 – “Pois o pecado não terá domínio sobre vós, porque não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça” (Rm.6:14).
Se o pecado já domina mesmo sobre aqueles que não têm lei, muito mais legitimamente reinará sobre aqueles que estão debaixo da lei, visto ter sido a lei a responsável pela eleição e entronização do pecado! (Rm.5:13; 1Co.15:56).
De referir que não foi a lei que deu origem ao pecado, contudo, por meio da lei, o pecado subiu ao trono e se tornou soberano no mundo.
Mas, para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito, uma nova lei se levantou para os livrar da tirania da antiga lei – “porque a lei do espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte” (Rm.8:2).
Esta nova lei opera segundo a graça, para os que estão debaixo da graça.
Quer isto dizer que os que estão debaixo da graça não estão mais sujeitos à escravidão do pecado, porque se tornaram servos de outro Senhor (Rm.6:17,18,22).
Atenção que “o pecado jaz à porta” e as tentações continuarão a assediar os crentes, mas, mesmo assim, “em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou” (Rm.8:37).
Livremo-nos do falso conceito e da falsa humildade que gosta de se justificar, dizendo: Todos somos pecadores; perdoados, mas pecadores.
Não. De modo algum.
Se somos pecadores, então, ainda estamos perdidos!
É certo que ainda estamos sujeitos ao pecado, e ainda falhamos em muitas coisas, mas não somos mais pecadores, pois, fomos lavados, fomos santificados e fomos justificados “em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus” (1Co.6:11).
Isto é obra de Deus. Obra da graça de Deus!
Portanto, a quem me irei sujeitar, ao relatório dos homens, ou à palavra do Senhor?
Onde aplicarei a minha fé, no que os homens dizem, ou no que Deus declara?
PILAR Nº 3 – “Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito” (Gl.5:25).
Se entrámos pela porta certa, devemos andar no caminho que lhe corresponde.
Se a semente em nós semeada é de vida, então, precisamos nutri-la para que cresça, até que se torne árvore – árvore da vida em nós, com os seus frutos (Gl.5:22,23).
Se estamos em Cristo, se o Espírito de Cristo habita em nós, a nossa posição é correta. Mas, se andamos segundo a carne, e não segundo o Espírito, a nossa condição não! (Rm.8:1).
Andar no Espírito pressupõe, necessariamente, um compromisso assumido com a bondade, com a justiça e com a verdade (Ef.5:9), manifestas esplendorosamente em Jesus na sua peregrinação terrena.
Andar no Espírito é andar nas pisadas de Jesus, fazendo de coração a vontade do Pai, pela satisfação de ver cumprido em nós o propósito para o qual fomos chamados (1Ts.4:7).
Andar no Espírito é andar em amor, como também Cristo nos amou, “e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave” (Ef.5:2).
Viver no Espírito é estático, andar no Espírito é dinâmico.
A obra da fé é ativa, a declaração da fé é passiva.
Toda a proclamação precisa de uma ação que lhe corresponda, para que se prove a sua veracidade.
Verdade não é só o que se diz, mas o que se pratica, de forma empenhada, consistente e continuada.
PILAR Nº 4 – “Pois todos buscam o que é seu, e não o que é de Cristo Jesus” (Fl.2:21).
Foi definido pela proteção civil três níveis de alerta para condições climatéricas adversas: amarelo, laranja e vermelho.
Ora, segundo Paulo, todo o crente deveria permanecer em estado de alerta máximo (vermelho), prestando rigorosa atenção, não apenas aos interesses e prioridades da sua vida, mas, principalmente, às intenções e motivações do seu coração!
A sua declaração, acima anotada, pode ser vista como um facto consumado (o que parece ser, à primeira vista), ou como um sério aviso a todo o crente que faz profissão de servir a Deus.
Parece que Paulo lançou a bomba, e fugiu a esconder-se!
Não. Ele se inclui também.
“Todo aquele que luta, em tudo se domina. Eles para alcançar uma coroa corruptível, nós, porém, a incorruptível.
Portanto corro, não como indeciso; combato, não como batendo no ar.
Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado” (1Co.9:25-27).
Cada um de nós deve estar consciente da facilidade com que se mascaram interesses do reino com interesses pessoais; com que se misturam valores eternos com prazeres momentâneos; com que se confunde glória dos homens com glória de Deus!
A guarda ao nosso coração deve ser permanente, pois, o que agora é apenas uma fissura, pode rapidamente tornar-se o rombo responsável pelo naufrágio!
“Examinai-vos a vós mesmos se permaneceis na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não sabeis quanto a vós mesmos, que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais reprovados” (2Co.13:5).
E quanto àquelas grandes realizações que tantos crentes almejam?
Aqueles sonhos que acalentam e querem ver cumpridos na sua vida?
Afinal, todos eles lícitos – uma casa melhor, um carro novo, um emprego mais rentável, um curso superior para os filhos!
Para não falar daqueles projetos particulares envoltos no manto santo de – ministério cristão, serviço ao Senhor, obra de Deus!
A estes, Paulo responde: “Porque nada trouxemos para este mundo, e nada podemos levar dele; tendo, porém, sustento e com que nos vestir, estejamos contentes.
Mas os que querem ficar ricos caem em tentação e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, as quais submergem os homens na ruína e perdição.
Porque o amor do dinheiro é a raiz de todos os males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se trespassaram a si mesmos com muitas dores” (1Tm.6:7-10).
Aquele que serve ao Senhor deve despojar-se de todas as ambições pessoais, principalmente daquelas que dizem respeito ao ministério e à obra de Deus.
No reino de Deus o importante não é ser criativo ou engenhoso, é ser ungido e inspirado por Deus!
Nenhum servo de Deus será julgado pela nota artística do seu desempenho, mas pela sua fidelidade e obediência ao Senhor!
Para além de tudo isto, lembramos que o Senhor não anda em busca de sonhadores, mas, de adoradores!
Concluímos, portanto, reafirmando o que anteriormente já havíamos dito: é essencial que, neste últimos dias, com o amor a esfriar e a pressão a aumentar, cada crente estruture a sua vida espiritual numa base sólida, seguindo o plano divinamente estabelecido e não artefactos humanos, dando especial atenção aos pilares de sustentação, mediante a fé, pois são estes a garantia da capacidade de resistência do edifício perante as tempestades da vida.
A graça seja convosco.
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