A história de José é um drama cheio de traições, conflitos familiares, mentiras e injustiça e é, ao mesmo tempo, uma das mais belas demonstrações do significado do perdão e da confiança de um homem nos desígnios de Deus.
Família
Pai: Jacó
Mãe: Raquel
Irmão: Benjamim
Meio Irmãos:
Rúben, Simeão, Levi, Judá, Dã, Naftali, Gade, Aser, Issacar, Zebulon
Outras Mulheres de Jacó: Lia, Zilpa, Bila
Começo da história: o filho amado
José nasceu em uma grande família, irmão caçula de onze irmãos e filho primogênito de Raquel, a mulher preferida de Jacó que havia passado grande parte de sua vida estéril.
José nasceu em meio à velhice de seus pais, como fruto de um milagre. Por esse motivo seu pai o amava mais do que todos os outros irmãos:
“E Israel (Jacó) amava a José mais do que a todos os seus filhos, porque era filho da sua velhice” (Gn 37:3).
A primeira vez em que Jacó demonstrou essa predileção abertamente foi quando presenteou José com uma túnica longa e colorida. Desde o momento em que os irmãos perceberam o amor de seu pai por José começaram a odiá-lo, e a odiá-lo cada dia mais, a ponto de não conseguir mais lhe falar amigavelmente.
Certo dia José teve um sonho e resolveu contá-lo a seus irmãos.
Os primeiros sonhos de José
– Irmãos! Ouçam o sonho que tive: Estávamos atando feixes de trigo e meu feixe se levantou e ficou em pé, quando o meu feixe se levantou os feixes de vocês se curvaram diante dele. Ouçam ainda o segundo sonho que tive: Desta vez, o sol a lua e onze estrelas se curvaram diante de mim.
Quando José contou esses sonhos para seus irmãos e seu pai todos o repreenderam. Seus irmãos sentiram mais ciúmes e seu pai lhe disse:
“Que sonho é este que tiveste? Porventura viremos, eu e tua mãe, e teus irmãos, a inclinar-nos perante ti em terra?” (Gn 37:10)
Mas nenhum deles imaginava,nem o próprio José, que cada um desses sonhos eram um prelúdio de algo futuro e grandioso, uma profecia sobre sua própria história que antes de ser escrita pelo acaso e pela vontade dos homens foi escrita por Deus.
A traição dos irmãos
“Se um inimigo me insultasse, eu poderia suportar; se um adversário se levantasse contra mim, eu poderia defender-me; mas logo você, meu companheiro, meu amigo chegado, meu irmão” (Salmos 55:12-14)
Certo dia Jacó pediu para que José fosse encontrar seus irmãos no campo, onde eram apascentadas as ovelhas. Os irmãos viram José de longe e vociferavam entre si:
– Lá vem aquele moleque sonhador! É agora, temos a chance de matá-lo, vamos jogá-lo em um poço e dizer ao pai que um animal o matou.
Rúbem tentou livrar José e falou:
– Não vamos derramar sangue inocente. Joguem ele em um poço, mas não o toquem para o ferir!
Rúben fez essa proposta com a intenção de livrar José, pois depois que seus irmãos tivessem ido embora ele mesmo pretendia ir socorrê-lo.
Os irmãos concordaram e arrancando a túnica longa que José vestia o jogaram em um poço fundo e sem água.
Ao se assentarem para comer, os irmãos avistaram ao longe uma caravana de Ismaelitas que levavam muitas especiarias para o Egito.
Judá disse:
– O que nós vamos ganhar se matarmos nosso irmão? Afinal de contas, ele é nosso sangue. Vamos vendê-lo!
Seus irmãos concordaram e venderam José por 20 ciclos de prata. Quando Rúben voltou ao poço e viu que José já não estava mais lá ficou muito triste.
Os irmãos tomaram a túnica de José e a molharam no sangue de um bode que haviam matado. Enviaram a túnica para seu pai com a seguinte mensagem:
“Temos achado esta túnica; conhece agora se esta será ou não a túnica de teu filho.” (Gn 37.32)
Jacó reconheceu a túnica e pensou que um animal selvagem havia devorado José. Todos os filhos de Jacó tentaram consolá-lo mais ele recusava ser consolado:
“Porquanto com choro hei de descer ao meu filho até à sepultura“(Gênesis 37:35)
Assim Jacó chorou muito dias por seu filho José.
José no Egito
José foi traído por seus irmãos com a idade de 17 anos; ele viajou com os Ismaelitas até o Egito e lá foi vendido como escravo para um dos oficiais de guerra e capitão da guarda de Faraó: Potifar.
Confira os detalhes sobre a história de José e Potifar no artigo: José na casa de Potifar.
A prisão de José
Potifar acreditou nas palavras de sua esposa e cheio de ira lançou José na prisão.
Mas Deus estava com José e o tratou com bondade concedendo-lhe a simpatia do carcereiro. O carcereiro acabou encarregando José de todos os que estavam na prisão. Confira os detalhes sobre o que aconteceu com José na prisão no artigo: José na prisão.
A ascensão de José
“Dois anos depois, o faraó sonhou, e eis que estava em pé junto ao rio. E eis que subiam do rio sete vacas, formosas à vista e gordas de carne, e pastavam no prado. E eis que subiam do rio após elas outras sete vacas, feias à vista e magras de carne; e paravam junto às outras vacas na praia do rio.E as vacas feias à vista e magras de carne, comiam as sete vacas formosas à vista e gordas”(Gênesis 41:1-4)
Tornou a adormecer e teve outro sonho:
“Eis que brotavam de um mesmo pé sete espigas cheias e boas. E eis que sete espigas miúdas, e queimadas do vento oriental, brotavam após elas. E as espigas miúdas devoravam as sete espigas grandes e cheias.” (Gênesis 41:5-7)
Quando acordou Faraó ficou muito perturbado e mandou chamar todos os seus magos e conselheiros. Contou seu sonho para eles, mas ninguém podia interpretar.
O copeiro nesta hora lembrou-se de José e contou a Faraó tudo que havia acontecido na prisão.
O Faraó mandou chamar José que foi trazido rapidamente do calabouço.
– Tive um sonho que nenhum dos meus profetas e sábios conseguiu interpretar! Este sonho tem me perturbado muito. Ouvi falar que tu és capaz de interpretá-lo – disse o Faraó.
– Isso não está em mim; Deus dará resposta de paz a Faraó. (Gênesis 41:16)
O Faraó contou a José os dois sonhos que tivera. E José interpretou da seguinte forma:
– Na verdade, os dois sonhos são um só. As sete vacas gordas são setes anos de fartura e as sete espigas boas são sete anos de fartura e as sete vacas magras e as sete espigas ruins são sete anos de fome. Deus mostrou ao Faraó o que ocorrerá no futuro, sete anos de muita fartura estão para vir sobre o Egito, mas depois virão anos de fome, e fome tamanha que os tempos de fartura não serão mais lembrados.
Se me permite, Faraó, quero dar-lhe um conselho: torne um homem responsável por armazenar comida nos tempos de fartura, assim quando a fome vier, a comida servirá de estoque e a terra não ficará arrasada.
As palavras de José foram muito agradáveis a Faraó. Este reconheceu que o Espírito de Deus era com José e o constitui autoridade sobre toda a terra do Egito (cargo de governador), deu-lhe um anel de ouro e deu-lhe por mulher Azenate, filha do sacerdote Om. Neste dia o nome de José foi mudado para Zafenate-Paneia, que significa “Deus salva, Ele vive”. José tinha 30 anos de idade quanto essas coisas aconteceram.
O tempo passou e os acontecimentos que José predisse se cumpriram. Durante os 7 anos de fartura José organizou o povo do Egito, ajuntou alimentos e colocou-os em celeiros.
Durante esse período, a esposa de José, Azenate, deu a luz a dois filhos. Ao primogênito José chamou Manassés porque disse “ Deus me fez esquecer de todos os meus trabalhos e de minha família hebreia” e ao segundo chamou Efrai porque disse “ Deus me fez próspero na terra da minha aflição.”
Passado os sete anos de abundância veio sobre toda a terra grande fome decretada por Deus.
O reencontro de José com sua família
A fome atingiu também a família de José em Canãa. Jacó ficou sabendo que havia mantimento no Egito e então enviou os seus filhos àquela terra para comprar os suprimentos necessários.
Apenas dez irmãos foram ao Egito, os dez que haviam traído José há muitos anos atrás. Jacó não enviou o seu filho mais novo, Benjamim, que havia nascido depois da saída de José, porque tinha medo de perdê-lo também.
José era o governador de todo o Egito e era ele que vendia as porções de alimento aos povos. Logo os irmãos se dirigiram a ele e se prostraram diante de seus pés, José lembrou-se do sonho que tivera quando ainda era um adolescente (quando as espigas de trigo e os astros se prostravam diante dele). Mas os irmãos não o reconheceram.
José falou duramente com eles:
– De onde vocês são?
– De Canaã meu senhor, viemos para comprar algum alimento.
– É mentira, vocês vieram para espionar nossa terra!
– Não, senhor, somos todos filhos de um mesmo homem chamado Jacó. Ao total somos doze irmãos, um já morreu e o outro se encontra com nosso pai.
– Se é verdade isso o que vocês dizem eu ordeno que esse irmãos mais novo seja trazido!
José jogou todos os dez irmãos em uma prisão e ali os fez passar três dias. Passado essas dias, José os libertou-os e disse:
– Se vocês são realmente quem dizem ser tragam-me esse irmão mais novo. Deixarei que vocês levem suprimento para a família de vocês. Para garantir que vocês irão voltar deixarei um dos irmãos preso.
Os irmãos se dispuseram para fazer o que lhes foi pedido. Mas disseram uns ao outros que isso tudo estava acontecendo porque Deus estava os punindo pelo que haviam feito a seu irmão José muitos anos atrás. Sentiram-se culpados.
José conseguia entende-los porque falavam em língua hebraica, quando ouvia o que falavam retirou-se e chorou, depois retornou, prendeu a Simeão e despediu os outros irmãos com mantimentos.
Ao retornarem à terra, os irmãos relataram tudo a Jacó e lhe rogaram que entregassem Benjamim. Jacó resistiu muito e não aceitou que seu filho acompanhasse os irmãos. Até que Rubens interveio:
– Se Benjamim não retornar, mata os meus dois filhos. Eu farei Benjamim voltar.
Mais tarde Judá também se comprometeu em devolver Benjamim vivo a seu pai.
Assim Jacó com muita tristeza entregou o filho para acompanhar seus irmãos.
O Perdão
“O perdão vai além da justiça humana; é perdoar aquelas coisas que absolutamente não podem ser perdoadas”. (C.S Lewis)
Os irmãos desceram a segunda vez ao Egito, levando Benjamim, muitas especiarias e dinheiro em dobro para entregar ao não reconhecido irmão. Ao chegar José os avistou e levantou os seus olhos, e viu a Benjamim, seu irmão, filho de sua mãe, e disse: Este é vosso irmão mais novo de quem falastes? Depois ele disse: Deus te dê a sua graça, meu filho.
“E José apressou-se, porque as suas entranhas comoveram-se por causa do seu irmão, e procurou onde chorar; e entrou na câmara, e chorou ali”. (Gênesis 43:29,30)
Os irmãos prostraram-se novamente e ofereceram a José todos os presentes que trouxeram e José mandou que seus servos preparassem um grande banquete para os recebe-los.
Depois do jantar, José pediu para que seus empregados preparassem as bagagens de seus irmãos, ordenou que fosse colocada uma porção completa de suprimentos e o dinheiro que cada um trouxe. Ordenou ainda que fosse colocada a sua taça de prata pessoal na sacola do irmão mais novo, Benjamim.
Na manhã seguinte os irmãos partiram e logo depois José mandou que seu servo fosse atrás deles dizendo:
– “Por que pagastes mal por bem? Não é este o copo em que bebe meu senhor e pelo qual bem adivinha? Procedestes mal no que fizestes“. (Gênesis 44:4-5)
Os irmãos negaram o ato e reponderam:
– Como poderíamos roubar a casa do nosso senhor, depois de ter recebido tamanha bondade? Se algum dos seus servos for encontrado com a taça morrerá!
Cada um deles descarregou o que havia levado e a taça foi encontrada na sacola de Benjamim. Diante disso, todos os irmãos ficaram desesperados e retornaram a cidade.
Ao chegarem na casa de José, este lhes perguntou:
– Como vocês tiveram coragem de fazer uma coisa dessas?!
Judá então se dirigiu a ele dizendo:
– Deus trouxe a luz os nossos pecados, agora todos nós somos teus escravos!
– Longe de mim fazer tal coisa, antes só aquele que roubou a taça será escravo.
Judá continuou:
– Permita a teu servo que fale ainda uma coisa:
Meu pai ama muito Benjamim, o menino que roubou a taça. Se ele não voltar conosco meu pai morrerá chorando. Agora, porém, eu peço que permitas que eu fique no lugar do menino, porque não suportarei essa culpa.
Desde momento em diante José já não pode mais se conter e ordenou que todos deixassem a sala, seus empregados e servos e sua família. Então pôs a chorar tão alto que todos os Egípcios do palácio ouviram.
– Eu sou José! Meu pai ainda está vivo?
Mas os seus irmãos ficaram tão chocados que não conseguiam responder.
– “Eu sou José, o seu irmão, aquele que vocês venderam para o Egito agora, pois, não vos entristeçais, nem vos pese aos vossos olhos por me haverdes vendido para cá; porque para conservação da vida, Deus me enviou adiante de vós. Porque já houve dois anos de fome no meio da terra, e ainda restam cinco anos em que não haverá lavoura nem sega. Pelo que Deus me enviou adiante de vós, para conservar vossa sucessão na terra, e para guardar-vos em vida por um grande livramento. Assim não fostes vós que me enviastes para cá, senão Deus, que me tem posto por pai de Faraó, e por senhor de toda a sua casa, e como regente em toda a terra do Egito“. (Gênesis 45:5-8)
José abraçou e chorou com cada um de seus irmãos e mandou buscar seu pai com todos os rebanhos, netos e bens que possuía para trazê-lo para o Egito, porque a fome ainda duraria 5 anos.
Os irmãos foram e contaram ao pai que José estava vivo e que era governador de todo o Egito. O coração de Jacó quase parou, ele disse:
“Basta; ainda vive meu filho José; eu irei e o verei antes que morra“. (Gênesis 45:28)
Jacó partiu com tudo que possuía e foi encontrar José na terra de Gosen.
Quando encontrou José chorou longamente abraçado a ele.
A família de Jacó habitou numa das melhores regiões do Egito, com a permissão de Faraó e com os alimentos que José havia armazenado sobreviveram em todos os anos de fome.
Depois de 17 anos, Jacó morreu e os irmãos de José tiveram medo que José retribuísse o mal que eles lhe tinham feito. Por isso enviaram um recado a José dizendo:
Antes de morrer nosso pai pediu para que nos perdoasse, porque te tratamos com muita perversidade e maldade, agora pois, perdoa o nosso pecado.
José chorou quando recebeu o recado.
Mais tarde seus irmãos o encontraram pessoalmente, prostraram-se rosto em terra e disseram:
– Aqui estamos, somos teus escravos.
José respondeu:
Não tenham medo; estaria eu no lugar de Deus?
“Vós bem intentastes mal contra mim; porém Deus o intentou para bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar muita gente com vida. Agora, pois, não temais; eu vos sustentarei a vós e a vossos filhos“. (Gênesis 50:19-21)
Esta é a história de José do egito, um homem que conseguiu o que poucos de nós consegue: José viu a mão de Deus acima de todas as outras mãos que tentaram manchar sua história com traição e dor, cumpriu os planos do Eterno com perseverança e excelência e perdoou o imperdoável.
A história de José é uma lembrança linda de como Deus pode gerar o bem em meio ao sofrimento humano e a hostilidade do mundo!
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