CARACTERÍSTICAS DO CRENTE VERDADEIRO
Texto básico: 1 João 2.1-6
Texto devocional: Gálatas 5.16-26
Versículo-chave: 1 João 2.6
“Aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou”
Alvo da lição:
Partindo de uma reflexão sobre a excelência da pessoa e obra de Cristo, levar o aluno a pensar na importância de uma vida cristã digna do evangelho de Jesus, incluindo um exame de sua vida diária como reflexo de sua salvação.
Leia a Bíblia diariamente
S – 1Jo 2.1-6
T – Cl 1.13-23
Q – Fp 1.27-30
Q – Ef 4.25-32
S – Ef 5.15-21
S – Gl 6.11-17
D – Mt 13.24-30
Introdução
Uma das histórias contadas pelo Senhor Jesus que todos conhecemos muito bem é a “parábola do joio” (Mt 13.24-30). Descobrimos nessa parábola que não é tarefa fácil separar o crente verdadeiro do falso. São tão parecidos que há o risco de alguém tentar separá-los e se enganar, de modo que apenas no tempo de Deus, mediante a apresentação dos frutos, é que o julgamento acontecerá.
A grande questão está no fato de que as características do crente verdadeiro não são externas, mas trata-se de uma atitude de coração, de uma mudança de mente, da maneira como se relaciona com o Senhor Jesus. O verdadeiro crente procura ser semelhante a Jesus. O texto da lição de hoje nos ajuda a examinar exatamente essa dimensão do caráter cristão que se manifesta no relacionamento do crente com Jesus.
I. Crentes sabem quem é Jesus (1Jo 2.1)
O conhecimento de Jesus tem múltiplas faces e implicações. Ele é muito mais do que aquilo que se pode revelar em apenas um verso da Bíblia. Da mesma forma como uma dona de casa tem muitas vasilhas e muitos temperos e, no momento de preparar um prato delicioso, não usa todas as vasilhas nem todos os temperos, mas apenas aqueles de que precisa para produzir o sabor que deseja, assim também o crente conhece Jesus e é abençoado pela qualidade necessária a cada momento de sua vida. Ele é o “socorro bem presente” (Sl 46) na hora da angústia, a força na fraqueza, a companhia na solidão, a paz em tempo de guerra. Ele é o Advogado junto ao Pai no momento do nosso pecado.
Enquanto fomos separados de Deus por causa de nossos pecados, Ele é aquele que está junto ao Pai. Enquanto somos injustos, Ele é “o justo”. Não apenas justo, mas Ele é também justo “para nos perdoar” (1Jo 1.9), é aquele que justifica, pois “nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8.1). Ainda que nos reconheçamos pecadores, somos exortados a que não pequemos. Isso significa que, mesmo sendo pecador, o crente não vive na prática deliberada do pecado, porque o seu desejo é viver na luz e agradar Aquele que o chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz. Ainda assim, quem “pensa estar em pé veja que não caia” (1Co 10.12). Continuamos com a possibilidade de pecar.
A pessoa que não chegou ao conhecimento da verdade não tem solução para o problema do pecado. Ela ignora que está pecando ou continua no pecado, fazendo do ato pecaminoso uma prática natural de vida, ou luta contra o pecado com armas inúteis – recursos inadequados como boas obras, rezas, esforço pessoal ou qualquer outro. O crente sabe que Jesus é o Advogado – aquele que é “chamado para o lado”, nosso intercessor junto a Deus ( Jo 14.16,25; 15.6; 16.7). Como lembra o Dr. Shedd, “a intercessão de Cristo é a aplicação contínua de Sua morte para nossa salvação”. O crente sabe quem é Jesus!
II. Crentes confiam naquilo que Cristo fez (1Jo 2.2)
O justo, Jesus Cristo, é também a propiciação pelos nossos pecados. Foi o sangue de Jesus, vertido pelos nossos pecados, que tornou possível a propiciação.
1. Suficiente para o meu pecado
O termo propiciação é bastante ligado à ideia de propiciar, ou tornar possível. No caso bíblico, propiciatório é o lugar onde os pecados eram expiados ou removidos. Em Romanos 3.25, somos informados que “Deus propôs, no seu sangue (de Jesus), como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos”. Deve-se observar novamente a íntima ligação entre a justiça ( Jesus é o justo – 1Jo 2.2) e a propiciação. Através da morte de Cristo, Deus remove os pecados do Seu povo, não apenas simbolicamente como no ritual de Levítico 16, mas em fato e realidade, limpando a consciência do homem e eliminando sua culpabilidade perante Deus (veja o comentário da Bíblia Vida Nova para Rm 3.25).
O crente honra a Deus não apenas no ato de buscar o Seu perdão, mas também na disposição consequente e continuada de perceber-se perdoado. Ainda que o inimigo use inúmeros artifícios para fazer-nos lembrar de nossa indignidade (e de fato somos indignos!), ou mesmo de nossa história passada (inclusive maldições ou traumas), sabemos muito bem que, da mesma forma como o bode emissário (de Lv 16) era enviado para levar o pecado do povo para o deserto, também o Senhor levou sobre Si as nossas transgressões (Is 53.4) e lançou nossos pecados “no fundo do mar”. Sabemos que o sacrifício de Cristo é suficiente para remover toda a culpa, de modo radical e completo.
2. Suficiente para o pecado do mundo todo
O lembrete incluído no verso 2 é maravilhoso: “não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro”. O fato insistentemente lembrado na Bíblia e pelo cristianismo em todos os tempos é que Deus amou ao mundo ( Jo 3.16), e que foi por isso que Ele deu o Seu Filho para morrer na cruz. Nós, os crentes em Cristo Jesus, precisamos ser relembrados constantemente de que o amor de nosso Senhor é maior do que nosso ego – que Ele ama também o descrente, aquele que mora perto de nós e aquele que está mais distante: “todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”! ( Jo 3.16)
O outro lado dessa verdade é que podemos e devemos proclamar essa mensagem para cada pessoa do mundo. Tendo confiança no que Ele fez, somos desafiados a um envolvimento absoluto com a obra de evangelização e de missões. Essa é a razão por que somos “evangélicos”: fomos alcançados pelo evangelho e pregamos o evangelho – as Boas-Novas de salvação de que Cristo morreu e ressuscitou, e de que Nele há salvação para todo pecador – do mundo todo.
III. Crentes fazem o que Cristo manda (1Jo 2.3-6)
O padrão de vida santa não é um preço pago para comprar a salvação, e nem mesmo um complemento para isso (já que Jesus é suficiente, e nada está faltando em Sua obra propiciatória). Do outro lado, essa vida santa é um resultado obrigatório da natureza da obra de Cristo na vida do crente. Guardar os mandamentos de Cristo é o sinal evidente que acompanha todo o crente verdadeiro – é o fruto que se espera como resultado da semente do evangelho que nasceu em nosso coração.
Aquele que se diz crente e vive em pecado é semelhante a um produto de marca falsificada que traz a etiqueta, imita o original, mas não tem a qualidade e a durabilidade dele. Além de enganar o comprador, esse produto depõe contra o controle de qualidade da marca falsificada. Essas pessoas, joio no meio do trigo, estão inevitavelmente no mesmo campo de ação dos crentes verdadeiros, são perfeitas imitações, mas vivem de forma pecaminosa. Paulo lembrava aos judeus que, devido à maneira desregrada como viviam mesmo na condição de “povo de Deus”, eles acabavam fazendo com que o nome de Deus fosse “blasfemado entre os gentios” (Rm 2.24). Infelizmente, ainda nos dias atuais, a vida indigna de muitos de nós acaba por desonrar o nome de nosso Senhor (e havemos de prestar contas a Deus por isso!).
O outro lado da verdade também é proclamado nesse texto: quando o crente obedece aos mandamentos de Cristo, ele demonstra de forma exuberante os feitos de Deus em sua vida. Na linguagem
bíblica, o amor de Deus é aperfeiçoado nele. Esse crente é “o bom perfume de Cristo”, “embaixador de Deus”, como se Deus falasse por intermédio dele. A evidência mais clara que o mundo pode ver como demonstração do poder do evangelho é a maneira santa e justa como você e eu vivemos. Nós somos as cartas vivas para o mundo! Crente que é crente de verdade permanece em Cristo. Cristo está junto ao Pai (v.1), e o crente tem de andar como Ele andou (v.6). Daí o texto bíblico dizer que a mensagem que ouvimos e anunciamos é para que mantenhamos comunhão com o Seu povo, e “a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo” (1Jo 1.3). Enquanto nossos pecados nos separam de Deus, o fato de estarmos em Cristo nos aproxima de Deus, “derrubando a parede da inimizade” e permitindo uma vida de comunhão com Deus (cf. Cl 1.21-23).
Conclusão
O crente verdadeiro tem inúmeras razões para se alegrar. Não é sem motivo que ele louva e exalta o Senhor constantemente. Só aquele que sabe quem Cristo é, que conhece Suas obras e aprendeu a viver em obediência à Sua santa palavra pode entender a dimensão extraordinária do evangelho de Cristo Jesus.
Temos sido frequentemente ensinados a separar uma nota falsa (dinheiro) de uma verdadeira. Como crentes, não nos compete julgar os outros crentes, mas somos ensinados a examinarmos a nós próprios (1Co 11.31-32). Um exercício bastante saudável para concluir a lição de hoje será um exame pessoal de nossos atos e nossa maneira de viver para perceber se verdadeiramente demonstramos o fruto do Espírito de Deus em nossa vida. O texto de Gálatas 5.16-26 é uma excelente referência para nos ajudar nessa tarefa. A advertência final é sempre a mesma: “se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito” (Gl 5.25) – “aquele que permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou” (1Jo 2.6).
Autor da lição: Pr. João Batista Cavalcante
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