PROPÓSITO DE EXISTÊNCIA – LUCIANO SUBIRÁ
Gosto de refletir sobre o propósito divino para nossa vida. Quem não entender o alvo provavelmente terá dificuldades de alcançá-lo. É necessário saber para que o Pai celestial criou o homem e o que Ele espera de cada um de Seus filhos. Sem essa clareza, como saber que direção tomar na vida espiritual?
Observe a declaração de Paulo aos crentes romanos:
Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. Romanos 8.29
O texto fala tanto da Sua presciência divina como de Seu propósito. Predestinar significa destinar de antemão. Portanto, temos aqui o alvo estabelecido pelo Criador: que nos tornássemos conformes (com a forma de amoldados) à imagem de seu Filho. Cristo não é apenas o referencial de conduta, mas o alvo. Devemos tornar-nos parecidos com Ele, esse é o objetivo. Crescer até a Sua estatura perfeita -a estatura de Jesus. Consideremos outros textos bíblicos que enfatizavam as mesmas verdades.
Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos. 1 Pedro 2.21
Aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou. 1 João 2.6
O ensino apostólico era enfático: cada cristão deveria reproduzir a natureza e o comportamento do Senhor Jesus. Deveria ser um imitador de Cristo. Além de Pedro e João, Paulo também ensinava isso às igrejas:
Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo (1 Co 11.1)
O curioso, para mim, é como uma ênfase bíblica pode ser tão ignorada em nossos púlpitos. Não desmereço a diversidade de assuntos necessários em nossos cultos, nem advogo a ideia de que deveríamos falar apenas acerca da maturidade de Cristo como alvo de nossa existência. No entanto, entre só falar nisso e quase nunca tocar no assunto, há uma enorme diferença!
Aos coríntios, Paulo aborda o plano inicial de Deus: a queda e o retorno ao propósito. A queda interrompeu temporariamente o plano, e o retorno foi possível por intermédio de Cristo Jesus. Atentar para o quadro todo ajuda a entender melhor a ideia divina:
Pois assim está escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito alma vivente. O último Adão, porém, é espírito vivificante. Mas não é primeiro o espiritual, e sim o natural; depois, o espiritual. O primeiro homem, formado da terra, é terreno; o segundo homem é do céu. Como foi o primeiro homem, o terreno, tais são também os demais homens terrenos; e, como é o homem celestial, tais também os celestiais. E, assim como trouxemos a imagem do que é terreno, devemos trazer também a imagem do celestial. 1 Coríntios 15.45-49
Observe o uso, por parte do apóstolo, dos termos primeiro e último Adão. Por que Jesus é chamado de último Adão? O que Ele e o homem estabelecido por Deus no jardim do Éden têm em comum?
Obviamente, não é o pecado. As Escrituras são explícitas sobre a permanência de Jesus em santidade:
Foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado (Hb 4.15).
Para saber o que há em comum entre os dois, precisamos entender o propósito da criação do primeiro homem. Adão foi formado para ser o cabeça de toda uma raça, uma matriz reprodutora. Sua missão era reproduzir segundo a sua própria espécie, exatamente como plantas e animais. Qual natureza, especificamente, seria reproduzida? A do próprio Deus!
Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. Gênesis 1.27
O problema se instalou após a queda, quando a natureza divina foi comprometida pelo pecado e suas consequências. A partir desse momento, a qualidade da “matriz reprodutora” foi comprometida:
Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram. Romanos 5.12
Como a morte, consequência do erro de um homem, passou a toda humanidade? Adão era um cabeça de raça, com o poder de reproduzir conforme a sua espécie – e reproduziu morte.
Qual o ponto em comum com Cristo, então?
Jesus foi enviado pelo Pai celeste para ser um segundo cabeça de raça. Sua vinda foi a retomada do plano inicial, o conserto daquilo que fora comprometido ainda no começo da humanidade. Diferentemente do primeiro Adão, o último não falhou. Jesus nasceu sem pecado e viveu em completa vitória sobre ele.
Se, por um lado, o ponto comum entre Jesus e Adão é o fato de serem cabeças de raça, o contraste é a natureza que poderiam reproduzir. Por isso, Paulo afirmou: “O primeiro homem, formado da terra, é terreno, o segundo homem é do céu. Como foi o primeiro homem, o terreno, tais são também os demais homens terrenos; e, como é o homem celestial, tais também os celestiais”. (1 Co 15.47,48)
Essa é a razão da explicação que Jesus deu a Nicodemos sobre a necessidade do novo nascimento:
O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te admires de eu te dizer: importa-vos nascer de novo. João 3.6,7
Ao nascer da carne, ou seja, naturalmente, cada ser humano herdou a natureza do primeiro Adão. A única forma de deixar de reproduzir a primeira matriz é ser gerado de novo; mas esse novo nascimento não se dá na dimensão natural, e sim na espiritual. Quando Cristo disse que quem nasce do Espírito é espírito, não definiu apenas quem é o responsável pela nova criação, mas a natureza desse acontecimento: ele é espiritual.
Qual a razão para um novo nascimento? O objetivo de Deus não é apenas que escapemos da condenação eterna do inferno, e sim que cumpramos o propósito original: ser semelhantes a Jesus. Por isso, o apóstolo Paulo declarou: E, assim como trouxemos a imagem do que é terreno, devemos trazer também a imagem do celestial (1 Co 15.49). O fato de tornarmo-nos parecidos com Cristo não é opcional. Não há duas categorias de cristãos; os que desejam ser semelhantes ao seu Senhor e os que não. Todos fomos chamados a imitá-lo! O propósito de nossa existência é ser como Ele é. Porém, isso não se dá de forma instantânea – envolve um processo. Então, além de desejar crescer até a estatura do Varão Perfeito, é de suma importância compreender como fazê-lo.
Texto extraído do livro “Maturidade – O acesso à herança plena”
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Autor: Luciano P. Subirá. É o responsável pelo Orvalho.Com – um ministério de ensino bíblico ao Corpo de Cristo. Também é pastor da Comunidade Alcance em Curitiba/PR. Casado com Kelly, é pai de dois filhos: Israel e Lissa.
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