A Verdade Reacionária?
O adjetivo reacionário, no contexto sociopolítico, passou a significar ultraconservador, uma descrição aplicada aos opositores de revoluções. Mas o sentido fundamental da palavra significa apenas o que envolve uma reação. Pensando dessa forma, encontramos muitas reações no mundo religioso atual e na história do cristianismo.
Quando Jesus começou a pregar, houve fortes reações. Frequentemente os líderes religiosos (fariseus, saduceus, escribas, sacerdotes) questionaram e desafiaram os ensinamentos e ações de Jesus. Esses confrontos aconteceram durante todo o seu ministério de Jesus, especialmente quando ele estava em Jerusalém ou a região em volta dessa sede judaica. Mateus 22 relata uma série desses pequenos debates entre Jesus e as autoridades sectárias da época. Depois de relatar essas discussões, Mateus comenta: “E ninguém lhe podia responder palavra, nem ousou alguém, a partir daquele dia, fazer-lhe perguntas” (Mateus 22:46).
Nas suas viagens para divulgar o evangelho, o apóstolo Paulo enfrentou oposição em praticamente cada lugar. Na primeira viagem, alguns judeus seguiam Paulo e Barnabé de cidade em cidade para levantar oposição à sua causa (Atos 14:19). Quando ele pregou sobre Jesus e a ressurreição na importante cidade grega de Atenas, alguns zombaram da mensagem e outros procuraram saber mais (Atos 17:32-34).
A pregação do evangelho provocou reações que levaram ao ensino de outras doutrinas, distorcendo a boa nova de Jesus. E essas novas doutrinas foram motivos de reações dos seguidores de Cristo, que defendiam a mensagem original sobre o Senhor. Encontramos um exemplo disso em Gálatas 1:6-12.
Às vezes, a ação inicial é fundada na verdade e a reação se mostra errada. Outras vezes, alguém inicia uma ação errada e a reação procura consertar a falha. Realmente existem casos de certo contra errado, de bom contra mau, de verdade contra mentira.
Há outras situações, porém, nas quais a reação a um erro se mostra igualmente errada. Paulo trata de um exemplo na sua epístola aos Romanos. Ele mostra o erro de acreditar na justificação pela Lei, a aliança temporária que Deus havia feito com os israelitas (Romanos 3:20). Se a justificação não vem pela lei, vem pela graça de Deus que justifica o pecador (Romanos 3:24; 5:20-21). Quando ensinou sobre essa diferença importante, Paulo percebeu o perigo de alguém reagir à noção de justificação pela lei de maneira exagerada, chegando a exaltar a graça ao ponto de negar a importância da fé obediente do homem. Alguém poderia reagir à lei e enfatizar tanto a graça que chegaria a negar a necessidade do homem deixar o pecado! Paulo perguntou: “Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante?” (Romanos 6:1). Na sua resposta à pergunta, ele mostra que a verdade não está nessa reação exagerada: “De modo nenhum! Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos?” (Romanos 6:2). Rejeitar a doutrina errada de justificação por obras da lei não deve significar uma reação que leva à doutrina igualmente errada de justificação na prática do pecado.
Há tantos outros exemplos ao longo da História. Vários aspectos da teologia reformada refletem a mesma tendência. Para responder à noção de salvação por obras sem fé, e especialmente à venda de indulgências e outros abusos provenientes da ênfase em obras de mérito, alguns reformadores foram ao outro extremo de defender a salvação por fé sem obras. A prática criticada não tinha respaldo bíblico, mas a posição reacionária, também, nega os ensinamentos bíblicos. Tiago foi muito claro no seu ensinamento: “Assim, também a fé, se não tiver obras, por si só está morta” (Tiago 2:17).
Nos dias atuais, muitas pessoas ficam decepcionadas com as falhas de religiões que representam a mera forma externa, sem atingir os corações dos seguidores. Para muitos, a solução está em rejeitar toda forma de religião e seguir a Jesus “sem religião”. A palavra religião, porém, é boa e bíblica.
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– por Dennis Allan
estudosdabiblia.net
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