Ingênuo Significa Inocente?
Quando pesquiso sinônimos da palavra “ingênuo”, a palavra “inocente” aparece. E quando faço o inverso, ingênuo aparece como sinônimo de inocente. Em muitas situações, as duas palavras realmente são intercambiáveis. O problema com sinônimos, porém, é que normalmente existem diferenças de significado que podem causar confusão em alguns contextos.
Quando falamos de inocência no sentido de simplicidade ou ignorância, característica de crianças pequenas ou de outras pessoas não instruídas, podemos substituir pela palavra ingenuidade sem alterar o significado.
Quando usamos inocência para dizer livre de culpa, porém, não podemos substituir pela palavra ingenuidade. Uma pessoa pode agir sem conhecimento — na simplicidade, ingenuidade e ignorância — e ainda ser culpada e sofrer consequências.
Entendemos esse fato no contexto legal. Alguém que dirige sem habilitação válida, mesmo não sabendo dessa exigência legal, pode ser punido. Quem não paga imposto de renda, mesmo sendo ignorante das leis, pode enfrentar multas e outras consequências.
Salomão deu um excelente exemplo da ingenuidade que leva a consequências gravíssimas. Ele descreve um jovem: “...vi entre os ingênuos, e descobri entre os jovens um que não tinha juízo” (Provérbios 7:7). Esse jovem é seduzido por uma mulher e cai no pecado do adultério. Ingênuo? Com certeza. Inocente no sentido de ser livre de culpa e isento de consequências? Claro que não! O texto fala do destino desse rapaz simples: “E, num instante, ele a seguiu, como um boi que vai para o matadouro; como um animal que corre para a armadilha, até que uma flecha lhe atravesse o coração. Ele era como a ave que corre para dentro do alçapão, sem saber que isto lhe custará a vida” (Provérbios 7:22-23).
A simplicidade não nos protege das consequências de violar as leis da natureza. A gravidade afeta igualmente os professores de física e as crianças sem noção.
A ingenuidade não nos livra de obrigações impostas pelo governo. Quantas pessoas aprenderam isso quando caíram na malha fina e foram obrigadas a pagar impostos acrescidos de multas?
A ignorância não nos isenta de responsabilidade diante de Deus. Podemos buscar o perdão divino pelos nossos pecados, inclusive pelos que foram cometidos na ignorância, mas não deixam de ser pecados! Quando se trata da culpa diante de Deus, a ignorância não é defesa.
Deus, nas Escrituras, nos oferece a liberdade que vem pelo conhecimento da verdade (João 8:32).
– por Dennis Allan
estudosdabiblia.net
A Verdade Reacionária?
O adjetivo reacionário, no contexto sociopolítico, passou a significar ultraconservador, uma descrição aplicada aos opositores de revoluções. Mas o sentido fundamental da palavra significa apenas o que envolve uma reação. Pensando dessa forma, encontramos muitas reações no mundo religioso atual e na história do cristianismo.
Quando Jesus começou a pregar, houve fortes reações. Frequentemente os líderes religiosos (fariseus, saduceus, escribas, sacerdotes) questionaram e desafiaram os ensinamentos e ações de Jesus. Esses confrontos aconteceram durante todo o seu ministério de Jesus, especialmente quando ele estava em Jerusalém ou a região em volta dessa sede judaica. Mateus 22 relata uma série desses pequenos debates entre Jesus e as autoridades sectárias da época. Depois de relatar essas discussões, Mateus comenta: “E ninguém lhe podia responder palavra, nem ousou alguém, a partir daquele dia, fazer-lhe perguntas” (Mateus 22:46).
Nas suas viagens para divulgar o evangelho, o apóstolo Paulo enfrentou oposição em praticamente cada lugar. Na primeira viagem, alguns judeus seguiam Paulo e Barnabé de cidade em cidade para levantar oposição à sua causa (Atos 14:19). Quando ele pregou sobre Jesus e a ressurreição na importante cidade grega de Atenas, alguns zombaram da mensagem e outros procuraram saber mais (Atos 17:32-34).
A pregação do evangelho provocou reações que levaram ao ensino de outras doutrinas, distorcendo a boa nova de Jesus. E essas novas doutrinas foram motivos de reações dos seguidores de Cristo, que defendiam a mensagem original sobre o Senhor. Encontramos um exemplo disso em Gálatas 1:6-12.
Às vezes, a ação inicial é fundada na verdade e a reação se mostra errada. Outras vezes, alguém inicia uma ação errada e a reação procura consertar a falha. Realmente existem casos de certo contra errado, de bom contra mau, de verdade contra mentira.
Há outras situações, porém, nas quais a reação a um erro se mostra igualmente errada. Paulo trata de um exemplo na sua epístola aos Romanos. Ele mostra o erro de acreditar na justificação pela Lei, a aliança temporária que Deus havia feito com os israelitas (Romanos 3:20). Se a justificação não vem pela lei, vem pela graça de Deus que justifica o pecador (Romanos 3:24; 5:20-21). Quando ensinou sobre essa diferença importante, Paulo percebeu o perigo de alguém reagir à noção de justificação pela lei de maneira exagerada, chegando a exaltar a graça ao ponto de negar a importância da fé obediente do homem. Alguém poderia reagir à lei e enfatizar tanto a graça que chegaria a negar a necessidade do homem deixar o pecado! Paulo perguntou: “Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante?” (Romanos 6:1). Na sua resposta à pergunta, ele mostra que a verdade não está nessa reação exagerada: “De modo nenhum! Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos?” (Romanos 6:2). Rejeitar a doutrina errada de justificação por obras da lei não deve significar uma reação que leva à doutrina igualmente errada de justificação na prática do pecado.
Há tantos outros exemplos ao longo da História. Vários aspectos da teologia reformada refletem a mesma tendência. Para responder à noção de salvação por obras sem fé, e especialmente à venda de indulgências e outros abusos provenientes da ênfase em obras de mérito, alguns reformadores foram ao outro extremo de defender a salvação por fé sem obras. A prática criticada não tinha respaldo bíblico, mas a posição reacionária, também, nega os ensinamentos bíblicos. Tiago foi muito claro no seu ensinamento: “Assim, também a fé, se não tiver obras, por si só está morta” (Tiago 2:17).
Nos dias atuais, muitas pessoas ficam decepcionadas com as falhas de religiões que representam a mera forma externa, sem atingir os corações dos seguidores. Para muitos, a solução está em rejeitar toda forma de religião e seguir a Jesus “sem religião”. A palavra religião, porém, é boa e bíblica.
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– por Dennis Allan
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