Paulo era cidadão romano e criou-se numa importante cidade cultural do império.

Paulo era cidadão romano e criou-se numa importante cidade cultural do império. 
Ele era um judeu da Diáspora e formou-se fariseu para servir numa sinagoga, sendo qualificado para ser um defensor do pensamento judaico. Entretanto, o seu horizonte intelectual ia mais além. 
O Império Romano tinha uma abertura religiosa em que se respeitava a diversidade religiosa, desde que se respeitassem os deuses do império. 
Havia em Roma os cultos a entidades gregas como Júpiter (pai dos deuses), Marte (deus da guerra), Minerva (deusa da sabedoria e da justiça), além de outros deuses como Zeus, Ísis, Quirino, Elêusis, Dionísio, Átis. Eram deuses que se integravam com as divindades egípcias como Osíris, Ísis, Serápis, bem como as divindades orientais como Mitras, Asclépio (que era uma divindade de cura). Havia  divindades da Ásia Menor sob o domínio do império em cidades como Éfeso, Colossos e Corinto, tais como Diana, Artesis e outras mais. Essa diversidade religiosa acabou por facilitar o nome de Jesus, o Deus dos cristãos. 
Cabral. Elienai,. O Apostolo Paulo, Lições de Vida e Ministério do Apostolo do Gentios para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. Ed. 1, 2021.   Atenas (17.16-34)

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Paulo nasceu em Tarso, na Cilícia Ásia Menor, hoje Turquia: At 9,11; 21,39; 22,3. 
Para São Jerônimo os pais de Paulo eram originários de Gíscala, na Galiléia.
Tarso tinha em torno de 300.000 hab, entre o Mar Mediterrâneo ao sul e uma serra de três mil metros ao norte. Era importante centro cultural e comercial. A estrada romana que ligava Oriente e Ocidente passava lá. Embora nascido ali, na diáspora, Paulo era genuinamente judeu.
Uma vez que Jerusalém era o centro espiritual de todos os judeus, havia intensa comunicação entre Jerusalém e a diáspora. Entende-se, pois, que Saulo nascido na diáspora tenha estudado em Jerusalém At 26,4.
Essa dupla cultura por ele assumida transparece no nome Saulo/Paulo.
Paulo recebeu a formação básica em casa e na sinagoga/escola. Consistia em ler e escrever, estudar a Lei de Deus e a história do povo, assimilar as tradições religiosas e aprender as orações (salmos).

Depois foi a Jerusalém, onde teve como mestre o sábio Gamaliel, respeitado pela sabedoria e fidelidade à Lei At 5,34-39. Paulo, portanto, formou-se na rigorosa tradição dos fariseus At 22,3. A teologia de Jerusalém constava dos seguintes elementos:

1. Estudo da Lei de Deus, a Torá (Pentateuco), pela memorização;
2. A Tradição dos Antigos (Halaká, como viver a vida, e a Hagadá, como ler a vida à luz da Lei de Deus);
3. A Interpretação da Escritura (Midrash, busca). A leitura bíblica era o eixo da formação, desde criança (2Tm 3,15).

Na mesma época, viveu Jesus de Nazaré, 5 a 8 anos mais velho que Paulo. Parece que os dois nunca se encontraram: um é da cidade, outro do campo. Ambos falam a partir do ambiente que conhecem.
Paulo detinha o importante título de cidadão romano, por direito de nascença At 16,37;22,25.29. Supõe-se que seu pai ou avô tenham obtido esse título por importante serviço ao Império, ou por compra, visto que para tal se requeria vultosa quantia de dinheiro At 22,28. Como cidadão era membro da pólis e podia decidir politicamente.
Provavelmente o pai era dono de uma fábrica de tendas, onde Paulo aprendeu a profissão At 18,3, para ajudar o pai e sucedê-lo na direção.
Essas 3⃣ qualificações (cidadão romano, fariseu formado na escola superior de Jerusalém, filho de pai rico) abriam a Paulo um futuro promissor de brilhante carreira.
Paulo foi profundamente religioso, irrepreensível na observância restrita da Lei Fl 3,6; At 22,3, “cheio de zelo pelas tradições paternas” Gl 1,14.
Na origem do povo judeu está a Aliança, com dois aspectos complementares: a gratuidade de Deus e a fiel observância do povo. São dois lados da mesma moeda que requerem equilíbrio para não degenerar em ritualismo vazio (Deus faz tudo, a gente só cumpre o rito) ou legalismo exagerado (se a gente observa a Lei, Deus tem que responder). No tempo de Paulo a observância legalista, que já vinha desde Esdras 398 a.C., marcava a religião judaica. Paulo, qual fariseu convicto que era, entendia que o único caminho para obter a justiça era a rigorosa observância da Lei (veja-se Dt 6,4-9…). Este ideal animou-o até os 28 anos. Leia-se, também Rm 7,18-19 e At 15,10.
É bem possível que Paulo e Estêvão foram colegas de estudo. Estêvão entrou na comunidade cristã contra a qual Paulo se posiciona radicalmente. Para um fariseu de estrita observância era inadmissível a adesão a Jesus, galileu blasfemo, subversivo e justiçado. Era uma traição imperdoável, uma apostasia inaceitável. Por isso no apedrejamento de Estêvão, Paulo estava presente como testemunha At 7,58 e aprovou sua morte At 8,1.
Na prática, Estêvão descobriu em Jesus o que todo judeu deveria descobrir e contra o qual Paulo tanto relutou, mesmo que depois estranhasse que os demais judeus não o tenham seguido.
Saiu dali com uma verdadeira gana dos cristãos, devastando a Igreja nascente At 8,3. Assim agindo, pensava prestar um serviço a Deus, em defesa das “tradições paternas” Gl 1,13-14.
O testemunho de Estêvão deve ter enlouquecido Paulo.
Fonte: Gabriel Urbano

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