𝗦𝗔𝗟𝗠𝗢 𝟮𝟰 𝗤𝘂𝗮𝗹 𝗮 𝘁𝗿𝗮𝗱𝗶çã𝗼 𝗺𝗼𝘁𝗿𝗶𝘇 𝗰𝗼𝗿𝗿𝗲𝘁𝗮 𝗲 𝗾𝘂𝗮𝗹 𝗮 𝗶𝗺𝗮𝗴𝗲𝗺 𝗱𝗲𝘀𝘀𝗲 𝘀𝗮𝗹𝗺𝗼❓



🟠 𝗦𝗔𝗟𝗠𝗢 𝟮𝟰 
𝗤𝘂𝗮𝗹 𝗮 𝘁𝗿𝗮𝗱𝗶çã𝗼 𝗺𝗼𝘁𝗿𝗶𝘇 𝗰𝗼𝗿𝗿𝗲𝘁𝗮 𝗲 𝗾𝘂𝗮𝗹 𝗮 𝗶𝗺𝗮𝗴𝗲𝗺 𝗱𝗲𝘀𝘀𝗲 𝘀𝗮𝗹𝗺𝗼❓


    Para poder ter uma imagem do salmo 24 é necessário primeiro se perguntar qual é a tradição que este salmo reflete. Há 3 hipóteses: as tradições referentes ao tabernáculo, as tradições referentes ao templo de Salomão e uma levantada pelo autor da lição, que é a menos provável, sobre a coroação do rei messiânico. O salmo 24 fala de uma subida a um monte santo (v.3), provavelmente Sião; também fala de uma geração que busca ao Senhor (v.6), muito provavelmente peregrinos vindo adorar; e, por último, usa de uma metáfora ao convidar “os portais a levantarem as cabeças” em sinal de reverencia ao Senhor da glória, que faz referência a entrada do tabernáculo ou do templo.  

   É muito improvável que o salmo tome como imagem histórica a coroação de Davi, pois o texto Bíblico é muito suscito quando narra a sua coroação como rei (2 Sm 5:1-9) de todo Israel, de fato; o texto se atém mais as tramas políticas do que a posse em si. Logo não há tradições Bíblicas que sustentem essa percepção. A tradição Bíblica é rica em referencias a aliança de Deus com Davi e sua linhagem (2 Sm 7;1 Cr 17:11-14;2 Cr 6:16; Sl 89:3) e não de sua coroação especificamente. Logo, essa hipótese deve ser descartada. 

   Sobrando então duas tradições prováveis: a tradição do tabernáculo e as tradições do templo. As tradições do tabernáculo só ganham forma e espaço no texto Bíblico a partir do momento que as histórias de Samuel e Davi são narradas. Anteriormente a história desses personagens, só há a ordem de Deus para ser construído um tabernáculo, narrada no pentateuco (Ex 25 – 27, 40). Pouco, ou nada, se fala do tabernáculo no livro de Juízes ou no livro de Rute. O livro de Juízes inclusive fala até mais das origens de um santuário Rival na terra de Dã do que o tabernáculo em si (Jz 17 e 18). 

   Porém, os textos Bíblicos que refletem as tradições do templo de Salomão são abundantes por todo V.T. Sendo de longe superiores em quantidade as tradições relacionadas ao tabernáculo, que se restringem mais ao pentateuco e alguns trechos do livro de Samuel que já apontam para sua substituição pelo templo. Inclusive o templo é um elemento que faz parte da aliança de Deus com Davi e sua linhagem conforme 2 Sm 7. Pois, são as tradições da aliança Davídica que sustentam a maior parte dos livros históricos, todos os livros proféticos e parte dos livros poéticos do A.T. Logo, maior parte do A.T. reflete a tradição da aliança Davídica.   

   Assim faz mais sentido, biblicamente falando, associar o salmo 24 as tradições relacionadas ao templo do que ao tabernáculo. A hipótese de que o salmo 24 foi composto por ocasião da chegada da arca ao monte Sião (2 Sm 6:1-15) é recente e só começou a ganhar ênfase a partir do século XV d.C. com a reforma protestante, pois foi um hábito comum dos reformadores atribuir alguma referência histórica da Bíblia aos salmos. Porém já no século XVIII d.C. essa moda caiu em desuso. 

    A exegese contemporânea nos aponta que é bem mais pé no chão estudar os salmos partindo de seu gênero (lamentação pessoal, litúrgicos, sapienciais, imprecatório, reais, etc.), das tradições Bíblicas motores (tradição patriarcal, tradição Mosaica ou Davídica) e das imagens contidas neles. Forçar um contexto histórico para um salmo não é exegeticamente correto, a não ser que a epígrafe indique um. Então, o salmo 24 é um salmo litúrgico, que deve ser entendido a partir das tradições do templo, no qual vemos uma caravana de peregrinos que sobe o monte Sião cantando esse poema, até chegar ao templo, e adorar a Deus.    

   Assim, nos versos 1 e 2, os peregrinos recitam a declaração Deuteronômica de posse da terra pelo Senhor por direito de Criação (Dt 10:14).
Dos versos 3 a 6, os peregrinos fazem uma pergunta retórica que levava a uma introspecção e autorreflexão, pois não é de todo jeito que se deve se apresentar ao Senhor, mas é necessário cumprir os aspectos morais de sua lei, não somente os rituais. Nos versos 7 a 10, ao entrar no complexo do templo, os peregrinos metaforicamente convidavam as portas a reverenciarem a grandeza do Senhor, à medida que eles mesmo faziam reverencia. 

   Então, esse salmo reflete a liturgia dos peregrinos que viam a Jerusalém e ao templo adorar o Senhor. Essa liturgia era regada por cantos, convites e exortações a uma vida de santidade, além de posturas corporais que indicavam respeito e reverencia ao Senhor (como erguer a cabeça ao entrar nos portais de Jerusalém e do complexo do templo).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

NÃO ESQUEÇA DE DEIXAR O SEU COMENTÁRIO, POIS O MESMO É MUITO IMPORTANTE PARA ESTE BLOGGER.